Do câncer ao esporte: a história do primeiro paratleta a completar o Ironman com muletas

 Do câncer ao esporte: a história do primeiro paratleta a completar o Ironman com muletas

Fabio Rigueira. Foto: Reprodução Instagram


Estava acompanhando o Ironman em Jurerê Internacional, em Florianópolis, quando vi um paratleta firme para completar os 42km da maratona. Lembrando que ele já havia completado a natação (3,8km) e a bicicleta (180km). Eu torci por ele, mas ele é quem fez, mesmo sem saber, muito por mim. Fiquei ainda mais motivada para superar os meus limites nas corridas – longe de pensar em ser uma triatleta. Esse cara é o 1º paratleta a completar a prova do Ironman com muletas, é campeão baiano e vice campeão brasileiro de Triathlon e duas vezes Ironman Full sub14h. O nome dele é Fabio Rigueira, também conhecido como Saci.

Procurei por ele nas redes sociais e mandei um mensagem no direct do Instagram. Ele, gentilmente e prontamente, me respondeu. Já faz algum tempo que tenho esse material rico nas mãos, mas só agora tenho a oportunidade de começar mesmo a me dedicar ao blog, e achei que seria lindo iniciar contando a história dele!

Confira abaixo o papo:

Na tua descrição no Instagram está escrito “Do câncer para o esporte”. Que tipo de câncer você teve? Quantos anos tinha? Como foi a recuperação?

Eu tive um osteossarcoma aos 9 anos. Por isso, naquela época a vida era uma brincadeira. Não tinha qualquer pretensão de ser um esportista e na minha família também não falávamos sobre isso. O tratamento foi bem doloroso. Naquela época a quimioterapia não era tão avançada, então eu sentia muitas dores, muito enjoo. Foi bem difícil esse período. A reabilitação posso dizer que foi tranquilo. Como era criança, brincava muito, tinha os amigos sempre disponíveis para ajudar, me adaptei muito rápido à nova condição.

Esta imagem possuí um atributo alt vazio; O nome do arquivo é thumbnail_20190910_152447.jpg
Fábio Rigueira durante a maratona no Ironman em Florianópolis. Foto Reprodução Instagram

Você fez outras provas por modalidades individuais antes de se tornar um “homem de ferro”? Como surgiu a vontade se disputar uma prova de Ironman?

Eu venho da natação. Fiz uma travessia em salvador chamada “Mar Grande Salvador” e fui vice-campeão. Também sou campeão norte-nordeste nas modalidades de 50m, 100m e 200m e 400m no revezamento. O sonho do Iron começou a partir dos meu tios que foram triatletas. Um dia parei e pensei: “poxa eu tenho que justar as modalidades que já faço (natação e bike) e preciso aprender a correr. Isso aconteceu em 2018. Foi o momento de realizar o sonho. O primeiro Ironman que disputei foi em Florianópolis.

Como são os treinamentos para competir de muletas? Qual a modalidade que sente mais dificuldade?

Para correr com a muleta eu faço um boa base de academia, com a musculação. Precisa preparar muito ombro, tríceps, costa e peito. Os músculos que são envolvidos no mecanismo da muleta. Além disso, sigo uma planilha comum, como de um atleta normal, com as duas pernas. Nada mais que isso.
Sobre as modalidades, cada uma delas têm seu nível de dificuldade. Acho que a bike é algo mais complexo diante da distância dos treinamentos. Tem que trabalhar muito a cabeça. Tem dias que pegamos 110km de bike, outros dias 80km com mais intensidade, até um treinamento de 180km. A bicicleta requer muito mais que força, precisa estar com uma cabeça muito boa também.

Esta imagem possuí um atributo alt vazio; O nome do arquivo é thumbnail_20190910_152426.jpg
Fábio Rigueira durante os 180km na prova de bike no Ironman em Florianópolis. Foto Reprodução Instagram

“Um Saci com um Sonho”. Como surgiu a campanha? Pode contar um pouco sobre esse sonho?

O Saci vem de um apelido entre amigos e a campanha surgiu pela falta de apoio. Ainda não conseguimos ter a força financeira, a estrutura necessária, que realmente atenda a demanda de se fazer um Ironman. O projeto foi feito para arrecadar o valor para poder competir. Deu tão certo que a causa se estendeu e conseguimos fazer uma doação para um grupo de crianças de Salvador que são cuidadas por uma pessoa que insere o esporte na vida delas. O nome do projeto é Triação.

Passei por você quando já estava na maratona e achei incrível. Me perguntei na hora sobre a bicicleta. Ela é adaptada?

A bike não é adaptada, eu tiro o lado esquerdo do pedal e coloco no lugar uma base de alumínio para segurar o eixo. Apenas isso. Não tem outras adaptações.

O que você pretende conquistar ainda? Alguma prova que você queira muito completar?

No momento é completar as etapas do campeonato baiano de triathlon é fazer o meio Iroman. Meu sonho é fazer um Kona, e estou fazendo tudo para que isso aconteça.

Poderia deixar algum incentivo para quem está começando no esporte, ou que esteja com alguma dificuldade como a que você passou?

O mais importante é que as pessoas busquem realizar os sonhos. A vida é muito passageira e não espera por ninguém. Superem todos os obstáculos!

Entrevista com o paratleta foi realizada em 10/09/2019.


Leia mais:

Bem-Viver SC

Notícias Relacionadas