Café Rural traz sabor do sítio catarinense aos Roteiros Nacionais de Imigração

 Café Rural traz sabor do sítio catarinense aos Roteiros Nacionais de Imigração

Foto: Reprodução | Redes Sociais

Andressa Rux faz a gestão do Café Rural Casa Rux, localizado na Comunidade Rio da Luz, região que faz parte dos Roteiros Nacionais de Imigração tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O empreendimento funciona na casa construída em 1915 por Augusto Rux, trisavô de Evandro Rux, esposo da agricultora. Desde 2018 a família oferece café colonial no espaço, onde recebe cerca de 200 pessoas por mês. Atualmente, 70% da renda na propriedade vem do turismo rural.

O café funciona aos sábados e domingos, no período da tarde. Como atrativos a propriedade também oferece passeios de tobata (micro trator utilizado na agricultura), visitação ao museu com acervo das ferramentas e objetos utilizados pela família, além do contato com animais, plantações e natureza. Nas atividades participam também o esposo Evandro, 36; os pais dele, Edvino, 72 anos e Cristiana, 66; os filhos Fernanda, 10, e Guilherme, 4 e o primo Ivanir Rassweiler, 46 anos.

A propriedade tem 15,5 hectares, dos quais 8 ha são usados para as atividades produtivas: criação de gado de corte e cultivo de aipim e de hortaliças, além da área construída. Em 2007 a casa centenária, que sempre foi usada como moradia, foi tombada pelo Iphan. De 2005 a 2015 a família aguardou a restauração, que ocorreu com recursos do órgão público e da família. 

A extensionista social da Epagri, de Jaraguá do Sul, Josiane de Souza Passos, explica que um imóvel tombado objetiva a proteção de um patrimônio histórico e por isso existem uma série de restrições para que sua preservação seja garantida. “Ele não pode ser descaracterizado e nem destruído. Além disso, a família deve dar um destino à edificação, optando por moradia ou desenvolvimento de alguma atividade”, diz. Andressa conta que inicialmente, realizando um sonho do marido, a família abriu as portas para o público conhecer a casa e a história que ela guarda, mas a quantidade de visitantes ainda era pequena para manter os custos.

“O café foi uma forma de atrair as pessoas e mostrar a elas a nossa casa e o modo de vida na colônia”, diz a agricultora. Andressa e Evandro deixaram o emprego que mantinham na cidade para se dedicar ao empreendimento. Isso aconteceu com apoio da Epagri, da Secretaria de Turismo do município e do projeto Acolhida de Colônia. O Café Rural Casa Rux fica a 15 km da área urbana e o acesso dos visitantes é facilitado por conta das vias asfaltadas, como acontece com grande parte da área rural do município.

Andressa conta que no começo parte do café colonial era terceirizado. “Aos poucos fui me capacitando nos cursos da Epagri e hoje tudo que servimos é produzido na propriedade. Foi um caminho árduo, com muitos altos e baixos, porém a partir do momento que você se predispõe a fazer algo por você e pela sua família, sempre tem um bom retorno. Hoje temos uma vida boa: simples, porém boa. Posso estar com meus filhos, é uma vida diferente quando você trabalha fora, em uma empresa”, diz a agricultora.

Josiane afirma que Andressa é o coração da propriedade. “Ela produz todos os itens que são servidos no café colonial. Ela veio em busca de capacitação na Epagri para oferecer produtos de qualidade aos visitantes, onde fez cursos de panificação, doces e geleias para processar as frutas da propriedade. O curso de bolachas decoradas foi um divisor de águas, pois é um produto de excelente aceitação e comercialização no empreendimento.  O fato de estar na propriedade trabalhando faz com que ela esteja mais próxima aos filhos e isso para ela significa qualidade de vida”, diz Josiane.

E o reconhecimento do potencial da agricultora não para por aí. A extensionista afirma que Andressa é muito organizada e líder na atividade que desenvolve no Café Rural. “Todas as engrenagens do empreendimento funcionam porque ela tem uma capacidade incrível de gestão. Ela é pulso firme e delicado ao mesmo tempo. Ela faz compras, processa alimentos, prepara o café. Sempre tem muitas ideias e aos poucos vai pondo em prática, com apoio da família. Um exemplo foi no começo da pandemia, quando o momento não permitia a reunião das pessoas no local. Andressa não se intimidou e passou a produzir os alimentos para retirada no balcão”,  diz Josiane.

A gastronomia também tem forte atuação no turismo cultural, pois oferece preparações herdadas dos imigrantes alemães, como as bolachas decoradas, cucas, geleias, salames, etc. Além das preparações comercializadas na propriedade, Andressa aceita encomendas de todos os produtos servidos no café. Ela também alimenta as redes sociais do Café Rural Casa Rux e aluga uma pequena casa na propriedade aos finais de semana.

O Café Rural Casa Rux está localizado na Rua Ervin Rux, 663 – Rio da Luz, no município de Jaraguá do Sul. Saiba mais sobre o tombamento da casa da família Rux no site do ipatrimonio e conheça o empreendimento nas redes sociais: Facebook e Instagram.

Epagri no apoio à gestão feminina dos empreendimentos rurais

A Epagri historicamente tem um trabalho com mulheres agricultoras e pescadoras através de ações afirmativas para diminuir as desigualdades e fortalecer o protagonismo feminino promovendo a inclusão socioeconômica deste público. Um exemplo é o curso Ação Flor-e-Ser, que capacita agricultoras e pescadoras para serem donas do próprio negócio. Para 2022, estão programados seis cursos para a mulher rural e dois para as pescadoras.

Em 2021, a Epagri desenvolveu diferentes atividades para o público feminino como cursos, palestras, atendimentos na propriedade, por meio dos quais atendeu 40.679 mulheres. “Nossas capacitações na área de liderança encorajam as mulheres a ocupar espaços estratégicos em seus setores. Nossos cursos técnicos profissionalizam as mulheres para atuar e ter sucesso em qualquer cadeia produtiva”, explica Márcia Gomes, coordenadora do Programa Capital Humano e Social da Epagri. Na avaliação dela, as mulheres se destacam pela facilidade de planejar, organizar e otimizar, o que lhe dá coragem de empreender e trazer inovações para a sua atividade.

A presidente da Epagri, Edilene Steinwandter, concorda que a mulher está um passo à frente. “Nossa equipe é testemunha: as nossas agricultoras são as primeiras a aderir às inovações. Elas não se intimidam diante do novo, estão sempre prontas a inovar em suas propriedades, porque são elas as mais preocupadas com a sustentabilidade do planeta e o bem-estar das próximas gerações. Na nossa experiência diária de trabalho no meio rural percebemos claramente como elas são as mais dispostas a participar de atividades coletivas e buscam, de maneira geral, o benefício comum em detrimento dos interesses pessoais”, diz Edilene.

Além da capacitação, a Epagri também ajuda a tornar os projetos realidade, viabilizando o acesso a recursos dos governos federal e estadual. Só em 2021, a Empresa elaborou projetos de crédito para 980 mulheres, contra 854 em 2020.  Um resultado visível deste trabalho é o aumento da participação das mulheres como proprietárias de agroindústrias em Santa Catarina. De acordo com um estudo da Epagri, entre os empreendimentos pesquisados em 2009, a participação feminina era de cerca de 31%. E no grupo das agroindústrias criadas a partir de 2010, as mulheres já eram quase 44% dos proprietários ou sócios.

“Outro objetivo que alcançamos com essas ações é a permanência das mulheres no meio rural, levando em consideração que são as principais migrantes rumo aos centros urbanos, muito em virtude da desvalorização da sua atuação como agricultora”, diz Márcia. Mariany e Andressa são exemplos: elas chegaram a sair do campo, mas retornaram para empreender nas propriedades familiares.

Bem-Viver SC

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