Super-heroínas existem sim! Conheça a história da Rafinha e da mamãe Elizete

 Super-heroínas existem sim! Conheça a história da Rafinha e da mamãe Elizete

Rafinha e Elizete. Foto: Reprodução, Instagram

Fui convidada pela amiga Carol Spricigo para ir até Joinville participar da 1ª corrida Mulheres na Pista, uma prova só para elas. Não poderia deixar de prestigiar a primeira prova que ela estava organizando. O evento foi um sucesso tão grande que outras novas edições já estão previstas.

Mas além de correr e me divertir muito com a mulherada, conheci duas mulheres-maravilha, que corriam juntas e felizes: a Rafaela Domingos e a mamãe Elizete Custódio. Encontrei essa dupla no Instagram pelo perfil @correerafinha e fiquei ainda mais encantada com a força e o amor entre mãe e filha.

A Rafa tem hoje 10 anos. Ela nasceu de 26 semanas, com apenas 835 gramas. Ou seja, prematuridade extrema, o que aumenta muito os riscos de sequela. Depois de três meses na UTI Neonatal, no dia da alta, uma ecografia cerebral já indicou algumas lesões. Com o passar do tempo, a família percebeu que a parte motora é que havia sido afetada.

A mãe Elizete, de 35 anos, já corria antes da gravidez, mas descobriu o projeto Pernas Solidárias na Apae de Mafra, onde elas moram, e começou a participar com a Rafa. Hoje as duas são atletas, completam as mais diferentes distâncias juntas, com um brilho no olhar emocionante.

Foto Reprodução Instagram

Confira o papo que tive com a Elizete:

Como foi a gravidez da Rafaela? Desde o início você já sabia que ela era especial?

Minha gravidez não foi planejada, mas foi muito querida tanto por mim quanto pelo pai. Na época nós planejávamos ter somente um filho (hoje tem mais um menino). Então, eu tomava um contraceptivo que era um anticoncepcional trimestral. Mas quando é para ser,né? (risos)

Descobri que estava grávida com três meses de gestação. Mas como foi na minha primeira gravidez, com seis meses tive a pré-eclampsia. Rafa nasceu de 26 semanas, com 835 gramas. 
Como os médicos nos passaram, era considerada prematuridade extrema. Os riscos de sequela eram muito grandes. Mas nós queríamos ela de qualquer jeito.

Foram quase três meses de muita angústia – enquanto ela estava na UTI Neonatal. No dia da alta, foi feita uma ecografia cerebral, onde foi descoberta algumas lesões no cérebro. Mas só com o passar do tempo é que fomos percebendo que parte tinha afetado, que foi a motora.

Então começamos a nossa saga… médicos, hospitais. Fomos para todo lado, acredito que em busca de uma cura que não existia. Até que um médico de Curitiba me disse que tudo que eu estava fazendo por ela tinha dado muito certo. Pois a lesão que ela tem é muito maior do que se pode perceber.  Ela é muito inteligente e feliz. Então reduzimos bastante as nossas idas aos médicos. Ela tem um neurologista que a acompanha aqui em Mafra mesmo.  

Como começaram as corridas?

Descobrimos o projeto Pernas Solidárias na Apae aqui de Mafra quando ela foi convidada para participar. Admiro muito o Cleiton Tamazzia, que foi quem começou com esse projeto. Ele nos ajuda a mostrar nossos filhos para o mundo. As pessoas hoje em dia ainda são muito preconceituosas. Mas o projeto ajuda a incluir quem é especial no esporte, que é o direto de todos. E nós (mães) só pedimos licença, que nossas belezinhas querem passar.

Tem alguma prova que vocês fizeram juntas que lembram com mais carinho?

Todas as provas que vamos participar ela fica muito ansiosa. Adora ser atleta e eu amo ver os olhinhos dela brilharem quando falo do Pernas Solidárias. Ela ama as medalhas dela. Todas as provas foram especiais, mas a que mais ficou na memória foi a Meia Maratona de Pomerode, que completamos os 21km.

Mãe e filha na meia maratona de Pomerode. Foto Reprodução Instagram.

Depois de completarem uma meia maratona juntas, o que mais vem pela frente?

Minha maior meta é fazer dela uma “Menina Iron Man” como ela gosta que eu fale. É o meu sonho e o sonho dela. Estou treinando muito para que em 2025, quando ela tiver 15 anos, possamos realizar esse sonho.

Como você, a mãe corredora, se vê?

Eu me considero uma mãe absurdamente apaixonada pela cria. Ela é o amor desenhado por Deus. 

Entrevista realizada em 23/01/2020.


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